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A Renamo, maior partido da oposição em Moçambique, acusa o Governo de instruir as Forças de Defesa e Segurança (FDS) para intensificar as ofensivas militares visando chegar ao local onde se encontra Afonso Dhlakama, em Gorongosa, na província de Sofala, e exige que se crie condições para o seu líder pensar no encontro com o Presidente Filipe Nyusi, em Maputo, bem como no diálogo político ora em preparação.

A reclamação deste partido com representação parlamentar foi feita em conferência de imprensa, na quarta-feira (25), dia em que também teve lugar a reunião das equipas escolhidas para preparar o encontro entre Dhlakama e Nyusi.

António Muchanga, porta-voz da “Perdiz”, disse haver “desdobramento militar em Gorongosa” e indicou que as FDS estão posicionadas em Mucodza, pretendendo chegar a Sathunjira, onde supostamente Dhlakama está aquartelado.

O deputado disse também que o adágio popular segundo o qual “conversando a gente se entende” não passa de letra-morta, porque, segundo justificou, numa altura em que se prepara o reinício das conversações políticas, “é prudente que demonstremos com actos concretos que o diálogo é a principal solução dos conflitos que nos opõem”.

Para o efeito, segundo Muchanga, é necessário cessar as ofensivas militares em Gorongosa e noutros pontos de Moçambique, de modo a assegurar que Afonso Dhlakama se concentre no diálogo político que terá lugar em Maputo.

“A equipa da Renamo pretenderá contactar o seu líder sempre que necessário, e deve-se garantir condições para que ele possa corresponder (…)”, disse Muchanga, acrescentando que o encontro entre o pessoal encarregue de preparar o frente a frente a mais alto nível foi acolhido com satisfação pelos moçambicanos. Todavia, “há que lamentar” os ataques alegadamente perpetrados pelas FDS.

A Renamo vinha rejeitando o convite do Chefe de Estado para a reinício do diálogo político com o Governo, mas na semana passada considerou haver já “mínimas condições” para o recomeço deste processo, interrompido há vários meses. Dhlakama indicou os deputados Eduardo Namburete, José Manteigas e André Magibire para se juntarem a Alves Muteque, Benvinda Levi e Jacinto Veloso, na preparação de um encontro entre os dois dirigentes.

Os seis membros escolhidos pelas duas lideranças reuniram-se em Maputo em o que chamaram de encontro “meramente preparatório” dos termos de referência para o reatamento do diálogo.

Contudo, enganou-se quem pensou que com esta aproximação entre as partes as armas poderiam calar. As acções militares, supostamente protagonizadas pelos guerrilheiros da “Perdiz”, prosseguem contra viaturas civis e pessoas indefesas.