Este ano é especialmente relevante para a luta porque celebra-se o 40 Aniversario da República Árabe Saharaui Democrática. Um país ainda parcialmente reconhecido a nível internacional, um país que sofre a ocupação, boicote e opressão por parte de Marrocos e os seus aliados.

É imoral e inaceitável que em pleno século XXI ainda exista uma colónia em África. Em 1976, a Espanha retirou-se do território do Sahara Ocidental, acordando com Marrocos a cedência dos seus Direitos sobre o Sahara. Desde então, o governo de Marrocos persegue de forma violenta as/aos militantes e defensoras dos Direitos Humanos e de autodeterminação do povo do Sahara ocidental. O Marrocos construiu o muro mais cumprido do mundo com cerca de 3000km -reforçado por minas anti-pessoais - que divide o território, assim como as famílias que aí moram, controlando e restringindo o acesso aos recursos naturais da região.

Hoje, 18 de Fevereiro, lembramos a Chaiaa, enfermeira saharaui que foi assassinada grávida pelas forças de ocupação marroquinas no acampamento de Umdreiga no ano 1976, quando prestava assistência num hospital aos feridos da brutal ocupação.

Com este acto simbólico queremos trazer aqui, não só a solidariedade do povo de Moçambique, um histórico aliado da causa Saharui, mas também as vozes de milhares de mulheres de todo o mundo, militantes da Marcha Mundial das Mulheres, que desde Ásia até Américas, passando por África e Europa, hoje manifestam seu apoio às companheiras Saharauis nos territórios ocupados, nos acampamentos de refugiados e na diáspora.

Assim, nós Marcha Mundial das Mulheres, com a força do nosso movimento internacional:

• Apelamos ao governo de Moçambique, assim como as Nações Unidas e União Africana, a redobrar os esforços de apoio ao referendo de independência do Sahara Occidental, em conformidade com a Carta das Nações Unidas e com os acordos assinados em 1991 (Resolução numero 690) pela própria ONU.

• Mostramos nossa indignação perante a organização Suíça Crans Montana que está a organizar seu Fórum Internacional na cidade ocupada de Dakhla, no Sahara Occidental. Denunciamos a ilegitimidade das negociações feitas pelo governo de Marrocos sob a utilização de um espaço que não o pertence e;
Concordamos com a Declaração emitida pela União Africana de 31 de Janeiro de 2015, que apela aos Estados-membros da UA e a todas as organizações da sociedade civil e do sector privado a não participarem neste Fórum, que suporta a consolidação duma grave violação do Direitos Internacional e dos direitos do povo saharaui.

• Convidamos a todas as organizações moçambicanas, assim como as amigas e amigos do povo Saharaui, a juntar-se à Embaixada Saharui nas celebrações dos 40 anos da proclamação da RASD e de reafirmação da luta do povo Saharaui no próximo dia 27 de Fevereiro.

Companheiras, estaremos em marcha até que nossas irmãs saharauis sejam livres!

Em Maputo, ao 18 de Fevereiro de 2016.