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A esperança de vida dos moçambicanos aumentou para 57,6 anos de vida, era de 45 anos em 2000 e de 54 anos em 2013, mas ainda está longe da expectativa média de vida no mundo que agora situa-se em 71,4 anos, de acordo com um relatório divulgado na semana passada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

As moçambicanas vivem mais do que os homens, têm uma expectativa de vida média de 59.4 anos contra 55.7 anos de idade do sexo chamado forte.

As causas da mortalidade no nosso país são sobejamente conhecidas destacando-se a cólera e outras doenças diarreicas que resultam do deficiente acesso à água potável, inacessível a cerca de metade do povo, e a malária, originada pela falta de saneamento adequado, que é usado por apenas 21% dos moçambicanos.

A mortalidade materna e infantil, seja por falta de acesso a unidades sanitárias ou devido a gravidezes precoces, são outras causas da nossa mortalidade aliadas a desnutrição crónica que afecta 43,1% de crianças com menos de 5 anos de idade.

A tuberculose é outra das maleitas que contribui para a morte dos moçambicanos, 551 por cada 100 mil pessoas.

O número de novas infecções pelo vírus do VIH/Sida não pára de subir a taxa é de 7,4 por cada mil cidadãos entre os 15 e 49 anos de idade, a oitava mais alta em todo o mundo.

Um outro quesito que contribui para a elevada mortalidade em Moçambique são os acidentes de viação, de acordo com a OMS o rácio é de 31.6 por cada 100 mil habitantes.

Os parcos investimentos do Governo na saúde e na educação, que contrastam com grandes investimentos militares e em investimentos em infra-estruturas de duvidosa necessidade, vão contribuir para que este cenário continue a perpetuar-se na chamada “Pérola do Índico”.

Por outro lado os moçambicanos que vivem acima desta média de idade enfrentam outros desafios: o abandono por parte das suas famílias e falta de protecção do Estado à terceira idade. Moçambique é o segundo pior país do mundo para os cidadãos com mais de 60 anos de idade viverem, e envelhecerem, num total de 96 avaliados pela Help Age International no ano passado.

Dos cerca de 1,5 milhões de moçambicanos que estão na terceira idade apenas 1,5% recebem pensão universal de acordo com o estudo da Help Age International.

Um estudo sobre a protecção social em Moçambique, realizado pelo Instituto de Estudos Sociais e Económicos (IESE), indica que o país não dispõe de uma pensão universal para os idosos porque ainda “não existem incentivos suficientes para se substituir um sistema selectivo, fragmentado, discriminatório e caritativo, por um sistema universal inclusivo e potencialmente estruturante de novas relações internacionais em prol de uma efectiva coesão social”.

O país, de acordo com a pesquisa, possui a segunda maior taxa de participação de anciões na força de trabalho no mundo. A maioria dos idosos trabalha até morrer, mas devido ao facto de as suas contribuições para a economia nacional, durante a juventude e a fase adulta, não obedecerem a nenhum procedimento administrativo, e não garantirem uma poupança, eles não são elegíveis ao actual modelo durante a velhice. (...) Elege-se os chamados “vulneráveis”, “enquanto o resto, a grande maioria, que se arranje por si própria. Entretanto, quem mais tem sustentado e pago a manutenção do actual sistema formal são os doadores internacionais”.

Expectativa de vida no mundo aumenta 5 anos entre 2000 e 2015

Entretanto a expectativa média de vida no mundo aumentou 5 anos entre 2000 e 2015, o maior crescimento desde os anos 60, e agora a média de vida global situa-se em 71,4 anos de idade.

Segundo os dados do relatório anual sobre a saúde global da OMS, há 29 países no mundo que superam os 80 anos de expectativa média de vida, e em 12 deles, é maior que 82 anos. Os mais velhos do mundo encontram-se no Japão (83,7 anos de média), na Suíça (83,4 anos), Singapura (83,1 anos), Austrália e Espanha (com 82,8 anos), Itália (82,7 anos), Islândia (82,7 anos) Israel (82,5 anos), França (82,4 anos), Suécia (82,4 anos), Coreia do Sul (82,3 anos) e Canadá (com 82,2 anos).

No lado oposto, ainda há 20 países nos quais seus habitantes não superam a média dos 60 anos, todos eles no continente Africano, além de Moçambique: Angola (52,4 anos), Burkina Faso (59,9 anos), Burundi (59,6 anos), Camarões (57,3 anos), República Centro Africana (52,5 anos), Costa do Marfim (53,3 anos), República Democrática do Congo (59,8 anos), Guiné-Equatorial (58,2 anos), Guiné-Conacri (59 anos), Guiné-Bissau (58,9 anos), Lesotho (53,7 anos), Malawi (58,3 anos), Mali (58,2 anos), Nigéria (54,5 anos), Tchad (53,1 anos), Togo (59,9 anos), Swazilândia (58,9 anos), Somália (55 anos) e Serra Leoa ( com 50,1 anos).

Foto de Arquivo

 

 

 

 

 

 

 

Por sexos, a OMS destaca que as mulheres vivem muito mais do que os homens em todos os países e regiões do mundo.

Concretamente, a média de expectativa de vida entre elas se situa em 73,8 anos, enquanto entre os homens não alcança os 70, já que sua média de vida é de 69,1 anos.

Entre as mulheres, as que mais vivem são as japonesas (86,8 anos de média), as de Singapura (86,1 anos) e as espanholas (85,5), enquanto os suíços são os homens com maior expectativa de vida (81,9 anos), seguidos dos islandeses (81,2 anos) e dos australianos (80,9 anos).

Os países escandinavos são os que menos diferença têm entre a esperança de vida de homens e mulheres (3 anos na Islândia, e 3,4 anos na Suécia), enquanto alguns países da antiga União Soviética são os que têm uma lacuna maior (11,6 anos no caso da Rússia e 9,8 anos na Ucrânia).

Por outro lado, a OMS calcula no seu relatório que o número de anos durante os quais uma pessoa se mantém sã, que se situou em 63,1 para o combinado de ambos sexos em 2015. Este dado, segundo a organização, varia dependendo da zona do mundo e do sexo, mas em geral é 11,7% (varia entre 9,3% e 14,7% ) menor do que a esperança de vida. Por sexos, as mulheres costumam desfrutar de boa saúde durante uma média de 64,6 anos, enquanto os homens por 61,5 anos.

A OMS destacou que a maior diferença se encontra entre os países europeus, nos quais as mulheres podem chegar a viver em melhores condições durante 5 anos a mais, enquanto a menor entre a saúde de homens e mulheres está no sudeste da Ásia, onde é apenas de um ano.

Segundo a organização, as principais doenças que fazem com que as condições de saúde piorem são os problemas ósseo-musculares (problemas de costas e pescoço especialmente), depressão, ansiedade, as doenças neurológicas, a perda de audição e de visão, os problemas cardiovasculares e o diabetes.