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Desconstruindo Mitos, Construindo Estratégias

Finalmente o calendário assinala o tão aguardado quatro de novembro de 2008, dia em que se concluiria a longa maratona do processo eleitoral norte-americano. Ironicamente, após passar nove anos de minha vida estudando naquele país, encontro-me diante da televisão em Recife, Pernambuco, Brasil, terra de Gilberto Freire, autor cuja visão racista, machista e por que não dizer fantasiosa sobre as relações raciais no Brasil influenciou gerações de pesquisadores, políticos, intelectuais, assim como o senso comum sobre gênero, classe, raça, e racismo no Brasil. Minutos antes do início da apuração dos resultados, diante dos comentários de um amigo alertando para a possibilidade de uma vitória de MacCain, fui tomada por uma indescritível angústia que mais tarde cedeu lugar ao êxtase de testemunhar a reconfiguração do mapa eleitoral norte-americano. Na madrugada do dia 5 de novembro confirma-se que os Estados Unidos da America havia elegido o seu primeiro presidente negro. Aquele era o ápice de uma acirrada disputa política na qual o clima de frenesi midiático e popular tornava-se gradualmente mais palpável à medida que o candidato democrata Barack Obama fortalecia-se nas pesquisas de preferência de voto. Percebi então que havia passado meses com a respiração suspensa, mergulhada em um intenso processo eleitoral que foi marcado por circunstâncias sem precedentes, visto que pela primeira vez um homem negro e uma mulher disputavam a posição de candidato a presidente pelo partido Democrata.

Acompanhei quase que obsessivamente todo o processo eleitoral norte-americano pelos meios de comunicação e através do meu contato diário com norte-americanos dentro e fora do mundo acadêmico. Ao chegar ao Brasil, três meses antes da conclusão da campanha eleitoral, fui compelida a refletir sobre as implicações desse processo para o contexto brasileiro, um país que atualmente se encontra imerso em intensas discussões sobre questões de raça, racismo e identidade racial e sobre como esses fatores têm historicamente influenciado a qualidade de vida do cidadão brasileiro. A polêmica atual se configura também em funçao de questionamentos sobre o papel da raça como um fator estruturador de relacoes de poder altamente desiguais, frequentemente expressadas pela violência com que sao tratados mulheres, homens e crianças afro-brasileiras que historicamente têm sido confinadas às áreas periféricas e menos favorecidas das cidades brasileiras. A luta histórica de movimentos sociais negros no Brasil tem exercido um papel fundamental nesse processo, fomentando discussões sobre acesso à educação, ao mercado de trabalho e ao poder político, propondo políticas públicas que visem sanar desigualdades raciais, mobilizando-se contra a violência policial. Essas organizaçoes vêm atuando ativamente no processo de implementação de ações afirmativas para afro-descendentes em universidades públicas, canais de televisão e vários outros setores da sociedade brasileira.
Portanto, enquanto contemplava estarrecida e euforicamente, a conclusão de um processo eleitoral que culminou com a eleiçao de um presidente negro para o cargo de chefe maior dos EUA, era consumida por perguntas e conjeturaçoes sobre as ramificações deste desdobramento para o Brasil e a Diáspora Africana. Consolidava-se perante o mundo, como um político de primeiro escalão, o filho de um africano do continente e uma mulher branca norte-americana. Diante de mim estava um presidente negro casado com uma mulher negra, ambos eloqüentes advogados, que demonstravam em seus discursos e intervenções, uma autoconfiança quase inabalável e uma maestria com as palavras que aos poucos conquistaram até o favoritismo da mídia, ambos produtos de uma educação de altíssima qualidade adquirida na prestigiosa universidade de Harvard. Percebi, então, enquanto pesquisadora de questões raciais sob uma perspectiva comparativa, que o momento político que se configurava, urgia por perspectivas que fossem além de parâmetros pré-estabelecidos. Visando discutir mais adequadamente os possíveis desdobramentos de tal cenário político e suas implicaçoes mais amplas, constantemente transferia-o imaginariamente para o Brasil.

Há vários meses, um candidato de descendência africana, que seria classificado como tal tanto fenotipicamente quanto dentro da classificaçao baseada na regra conhecida como “uma gota de sangue,” emergia da posição de quase anonimato – particularmente se comparado à franca favorita Hillary Clinton – para se consolidar como o candidato escolhido pelo partido democrata. A necessidade de refletir sobre esse processo através de perspectiva comparativa tornou-se ainda mais aflitiva alguns dias depois, diante da experiencia de participar de uma manifestaçao de comunidades negras brasileiras no dia 20 de novembro em Salvador, Bahia. Nessa data celebra-se o dia da consciência negra no Brasil, e participei de manifestaçoes nas quais rappers afro-brasileiros, que empunhavam microfones como armas potentes na luta contra opressão racial, anunciavam em tons graves que ecoavam como trovoadas, a onda negra que se aproximava, que tomava as ruas, orquestrados por um mestre de cerimônias que saldava incessantemente lideranças do movimento negro brasileiro, Louis Hamilton, e mais especificamente, Barack Obama. Ainda reverbera em meus ouvidos “É a Onda Negra, Que Se Aproxima”.

A partir de uma perspectiva comparativa, vale então exercitar nossa imaginaçao, transferindo, ainda que parcialmente, tal cenário político para o Brasil: teríamos indubitavelmente hordas de pesquisadores, acadêmicos e alunos de pós-graduação brasileiros e estrangeiros, freneticamente redigindo projetos de pesquisa e buscando financiamento, visando investigar, documentar e teorizar sobre a prova cabal e irrefutável de que o Brasil é uma democracia racial. Afinal de contas, Barack Obama se encaixaria perfeitamente dentro do modelo ideológico e teórico proposto por tal mito – um canditado político filho de mãe branca e pai Africano ou negro - e aqui não me cabe enveredar em discussoes sobre identidade racial no continente africano - consegue mobilizar grandes massas multiraciais em torno de uma plataforma política calcada na retórica de uma nação que está para além de diferenças raciais. Barack seria classificado como um híbrido racial perfeitamente imaginável dentro do universo de concepções tradicionais sobre o configuraçao racial brasileira.

Mais especificamente, ao consultarmos um vasto número de pesquisas e publicações que estabelecem comparações sobre raça, identidade racial e política no Brasil e nos Estados Unidos, a consolidação de um candidato “mulato” como presidente do Brasil seria explicável, então, como nada mais do que o apogeu de um processo hegemonico histórico fomentado pelo estado e celebrado popularmente através de romances, canções, filmes e novelas. Também dentro dessa perspectiva, ao analisarmos a maior parte dos discursos do presidente eleito Baracak Obama, concluir-se-ia que a sua plataforma política, altamente comprometida com a visão de uma nação que se encontra para além das diferenças raciais, seria o reflexo de uma histórica e nociva predisposiçao de negros, brancos pardos, mulatos e morenos e “etceteras” brasileiros em investir no mito da democracia racial. Seria também uma prova contundente de que negros brasileiros não têm uma “consciência racial” consolidada, visto que dentro dessas análises comparativas tradicionais, enquanto afro-descendente, seria no mínimo condenável que um Barack brasileiro pudesse investir em uma plataforma política que nao estivesse calcada em veementes denúncias contra a opressão e a discriminaçao raciais, estratégia política que seria analisada como o produto de uma mentalidade (des)informada pela influência do mito da democracia racial.
A trajetória do candidato democrata foi também marcada por controvérsias sobre sua identidade racial, cenário no qual se conjeturava sobre a possibilidade de que Obama fosse “demasiadamente negro” para se tornar um candidato palatavel para o gosto de eleitores brancos. Questionava-se, por outro lado, a possibilidade de que o candidato não fosse “suficientemente negro” para ser aceito dentro como um candidato legítimo de vários setores da comunidade negra norte-americana. Tais debates foram particularmente ricos, evidenciando-se que a ascençao social, educaçao formal, poder aquisitivo e classe social influenciam e modificam percepçoes raciais também nos Estados Unidos. A controvérsia acima citada, seria muito provavelmente interpretada no contexto brasileiro como uma prova irrefutável de que poder aquisitivo e educação formal possibilitam o “embranquecimento” do negro. Dentro de uma perspectiva comparativa tradicional entre Brasil e Estados Unidos, essa polêmica seria também situada dentro da perspectiva de que a “fluidez” das identidades raciais constitui-se como uma das principais características do sistema de classificaçao racial latinoamericano. Além disso, tal “fluidez racial” seria avaliada no contexto brasileiro, como inconsistente demais para possibilitar alianças políticas (principalmente entre afro-brasileiros) que pudessem efetivamente resultar na consolidação de um candidato negro como presidente da república.

As controvérsias geradas pela afiliaçao de Barack Obama a Trinity United Church of Christ, então liderada pelo agora aposentado Reverendo Jeremiah Wright, foram igualmente significativas dentro da última disputa eleitoral para a presidência dos EUA. Diante das intensas pressões sofridas pelo senador, em funçao do afloramento de um vídeo com trechos de um sermao no qual o reverendo fazia declaraçoes e denúncias consideradas radiciais e incendiárias pela mídia norte-americana, Obama decide então desligar-se de sua igreja e de seu pastor e mentor. O reverendo foi descrito em um dos poucos discursos proferidos sobre questoes raciais nos Estados Unidos pelo então candidato democrata, como alguém que apresentava uma visão distorcida do país, que defendia pensamentos ultrapassados e visoes equivocadas sobre patriotismo e relaçoes raciais nos EUA, simultaneamente contrapondo-se como o candidato que representava a era assim chamada “pós-racial”. Somado a isso, Obama equiparou nesse discurso a dura experiencia de negros da geraçao do reverendo Wright com as dificuldades encontradas por imigrantes brancos para se estabelecerem naquele país, afirmando que nesse processo o ódio racial havia afetado negativamente ambos os grupos.

Continuemos pois, o exercício de transposição de cenários e possíveis perspectivas analíticas informadas por modelos comparativos e abordagens tradicionais. Imaginemos tal discurso sendo proferido por um candidato político afro-brasileiro, acoplado ao seu rompimento com o pastor negro que celebrou o seu casamento e o batizado de suas filhas em uma igreja negra (utilizo nesse texto os termos afro-brasileiro e negro como equivalentes). O caminho analítico mais óbvio a ser tomado, seria de situar essa polêmica como sintomática da dificuldade de se consolidar uma frente política negra sólida, visto que tais esforços estariam fatalmente cerceados pelo contexto de um país profundamente contaminado pelo mito da democracia racial. O conflito político-ideológico que gerou o rompimento de Barack seria então utilizado como prova do impacto negativo desse mito na capacidade de mobilização política eficiente de afro-brasileiros. Abordagens tradicionais impediriam uma análise menos superficial, dentro da qual a postura política de Obama pudesse ser considerada uma sábia manobra política que objetivava cativar a confiança de eleitores brancos receosos de uma possível “revolução negra”. Além disso, dentro do proposto cenário imaginário, avaliar-se-ia sua plataforma política de "neutralidade racial" como uma atitude meramente influenciada por/ ou resultante de um investimento histórico no projeto hegemônico de embranquecimento (excetuando-se o fato de ter se casado com uma mulher negra). Vale ressaltar que essa perspectiva seria substancialmente corroborada pelo fato de que seu pai negro já havia iniciado tal processo, a partir do momento em que se casa com uma mulher branca. Em suma, se imaginarmos o processo político que resultou em sua eleição no contexto brasileiro, teorizar sobre esse processo muito provavelmente passaria por trilhas simplistas e anteriormente constituidas: Obama representaria o triunfo do mito da democracia racial no Brasil.

Por outro lado, consideremos agora o cenário real, no qual Barack Obama se consolida como o primeiro presidente negro dos Estados Unidos da America. Aqui no Brasil, as celebraçoes desse feito histórico estiveram estampadas nas capas dos principais jornais e revistas do país. Uma espécie de contentamento quase que irônico se estampava também nos rostos de âncoras e comentaristas políticos de televisão, ao relatarem que os norte-americanos haviam elegido o seu primeiro presidente negro. Exibiam-se imagens de brancos, negros e outros celebrando a vitória de Obama em lágrimas eufóricas, como uma demontraçao de que finalmente aquele país havia transcendido o racismo que infestava suas relaçoes sociais há tantos séculos. Não obstante, aos olhos e ouvidos mais apurados, o que estava (ex)implicito nessas celebrações é a noçao de que o Brasil não necessita de tal experiência curativa ou catártica. De fato, o que quase cinicamente se celebrava, era a falácia de que os nossos problemas raciais haviam sido resolvidos há muitas décadas, se é que algum dia existiram. Afinal de contas, segundo narrativas hegemonicas e tradicionais que romantizam relaçoes raciais no Brasil, jamais tivemos que lidar com a segregaçao racial formal que estabeleciam barreiras para a ascensão sócio-econômica de africanos e seus descendentes, portanto não haveria cicatrizes a serem curadas e nada a ser reparado.

Políticas de açao afirmativa para afro-brasileiros são então rechaçadas dentro dessa perspectiva, como importaçoes absurdas para um contexto no qual supostamente não foram impostas barreiras formais contra a ascençao social de africanos e seus descendentes. Argumentou-se até que era racismo classificar Barack Obama de presidente negro, pois tais classificaçoes seriam supostamente perigosas, detrimentais e porque não dizer ofensivas. Em suma, enquanto a mídia brasileira comemora o fato de que Obama foi eleito nos EUA, celebrando tal fato como uma clara demonstraçao de que lá as feridas raciais foram cicatrizadas, estão implicitamente afirmando que felizmente no Brasil não há feridas dessa natureza para serem cicatrizadas. Porém, o medo da onda negra, das reverberações da consolidação de um candidato negro como presidente de uma das nações mais poderosas do mundo, se manifesta de maneira ao mesmo tempo enfática ainda que sutil. As artimanhas utilizadas pela hegemonia branca em tentativas de perpetuar o mito da democracia racial, a fantasia da dita convivencia harmoniosa entre as raças, que, supostamente, fundamentou a civilização brasileira, seriam cômicas, se nao fossem trágicas e motivadas por intenções criminosas.

Nesse contexto, pérolas (de resina sem valor) são produzidas, a exemplo de um especial de Natal exibido por uma das mais influentes redes de televisao do Brasil em dezembro passado. Gilberto Freire vaga moribundo pelos corredores deste conglomerado midiático, o que se reflete nas concepções ideológicas apresentadas nesse programa. Em um conto de Natal sobre a infancia do imperador D. Pedro II, discorre-se sobre sua infeliz e solitária infância, que é profundamente transformada no dia em que encontra alguém muito especial, durante um passeio na vasta floresta que era parte dos jardins de seu palácio. Esse alguém era uma criança negra escrava(izada) que se encontrava no alto de uma árvore, em seu “elemento natural”, socorrendo o pequeno imperador branco de um acidente - imagens bastante ilustrativas que anunciam os aspectos problemáticos desse conto natalino. Essa amizade inesperada traz felicidade à triste vida do rei, que recebe de “presente de natal” esse menino negro, que na cena salta de uma caixinha como um boneco polichinelo diante do trono e passa a fazer companhia ao imperador. Estávamos em 2008, vale lembrar, e recebi de presente tal fábula insultante. Um Feliz Natal Racial para todos!

Salta aos olhos, porém, o fato de que em todas as cenas dos dois personagens principais, as interações entre o imperador e seu “presente de natal” ilustram perfeitamente as profundas desigualdades sociais que historicamente caracterizam as supostas relaçoes raciais harmoniosas no Brasil. O menino negro constantemente descalço e sem camisa, convive como subalterno de seu “amigo” rei, sendo mais tarde injustamente acusado de um crime que não cometeu, haveria burlado a lei, brincando com a preciosa coroa do rei. A fachada fantasiosa desse conto (ou pesadelo) de Natal se manifesta fortemente quando o rei arrepende-se de ter traído sua propriedade amiga. Ao final, o rei presentaio-o generosamente com um par de sapatos e a “liberdade”, e o seu pedido de desculpas culmina com a carnavalizaçao da corte Portuguesa, que é embalada por uma canção que glorifica a união das raças no Brasil e a suposta convivência harmoniosa que data de séculos. Negros e brancos ali dançam, cantam, jogam capoeira e celebram efusivamente as ditas raízes multirraciais.

Essa necessidade de constante investimento em um mito, refutado por pesquisas de órgaos brasileiros e estrangeiros, que confirmam enormes disparidades socio-econômicas entre negros e brancos, e os trágicos resultados da falta de investimento em políticas que visam criar igualdade racial no Brasil, não é acidental e muito menos ingênua. Mais especificamente, esse investimento da mídia de massa no Brasil, que quase invariavelmente representa e defende os valores das classes dominantes e da hegemonia branca, demonstra uma profunda consciência de que o mito da democracia racial é uma entidade falida. Argumentaria ainda mais, que é ilustrativa do medo de que a onda negra caudalosamente reforçada pela consolidaçao de Obama nos Estados Unidos se prolifere. Apesar das várias facetas complexas do processo histórico e contemporâneo que levaram Obama a ocupar o cargo mais alto da Casa Branca, alguns aspectos fundamentais saltam aos olhos: seu triunfo é o resultado bem sucedido de um investimento histórico do estado norte-americano em políticas, ainda que imperfeitas e limitadas, que levaram à implementaçao de medidas e iniciativas que visam reparar históricas disparidades socio-economicas entre brancos e negros naquele país. Esse amplo investimento social foi também implantado em função do reconhecimento da existencia do racismo naquela sociedade, como resultado da luta de organizaçoes negras que historicamente mobilizaram-se para combateram a opressão racial nos EUA.

A vitória de Baracak Obama tem, acima de tudo, implicações profundas para a discussão de questoes raciais e política na Diáspora Africana. O pequeno exercício analítico de transposição de cenários aqui proposto, favorecido pelo promissor momento político atual, demonstra que carecemos de novos modelos teóricos, que necessitamos ir além de parâmetros pré-estabelecidos e fórmulas prontas. Isso permitiria-nos estabelecer comparaçoes mais adequadas entre diferentes contextos de formações raciais. Poderíamos, a partir daí, configurar soluções mais eficazes, gerando políticas públicas mais eficientes afim de enfrentar os desafios que marcam a trajetória histórica de africanos e seus descendentes. Gostaria de concluir, ressaltando o fato de que o sistema capitalista, fundamentado e consolidado a partir da instituiçao escravocrata, apresenta agora fortes sinais de eminente colapso. Emerge nesse complexo momento histórico, um líder político proveniente de um grupo racial historicamente brutalizado, marginalizado e explorado, como aquele que tem a missão de restabelecer-lhe a credibilidade, de reequilibrá-lo. Ironicamente, Barack Obama parece ter configurado-se como o mensageiro da esperança de sobrevivência do sistema capitalista. Muito Ironicamente. AXÉ, OBAMA.

*Raquel Luciana de Souza é articulista, tradutora e doutoranda em Estudos Diaspóricos na Universidade do Texas

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